A novela do salário mínimo já se arrasta por vários dias.
Se formos analisar friamente, além do aumento de R$5,00 ser justo com a previdência, que a essa altura acabaria entrando em colapso e prejudicando milhões de brasileiros, privilegia também o cenário econômico, freando o consumo e, em contrapartida, a inflação, que já dá sinais claros de que está aí de volta, apenas aguardando uma oportunidade para se instalar.
Além disso, entrou em cena toda a irresponsabilidade e descabimento (para não dizer desonestidade) de nossas centrais sindicais que (acho que já vimos esse filme antes, com outros atores), apesar de terem negociado em 2007 uma fórmula de reajuste salarial que leva em consideração a inflação medida pelo INPC e o crescimento do PIB de dois anos antes, queriam voltar atrás e renegociar o acordo. Ora, é claro que o mínimo ficou com um aumento mínimo (desculpem a pobreza de construção) devido ao péssimo desempenho da economia em 2009, mas acordo é acordo e regras são regras. E tudo será recompensado em 2012, pois o PIB de 2010 teve forte recuperação e o salário deve ser reajustado em mais de 10%.
Por outro lado, apesar de um aumento do mínimo para R$260,00 gerar um custo extra ao erário de cerca de 3,5 bilhões de reais, no último dia 15 de dezembro - quer dizer, no apagar das luzes dos mandatos - nosso amado Congresso Federal aprovou em regime de urgência (a manobra toda não durou mais que 30 minutos) um aumento de cerca de 62% para os salários de Deputados Federais e Senadores, cerca de 150% para Ministros e Vice-Presidente e cerca de 134% para o Presidente da República, o que acarretará um gasto extra estimado em 90 milhões de reais por mês.
Com os novos salários turbinados, cada congressista vai passar a custar ao erário cerca de 150 mil reais por mês (já incluídas as ajudas de custo, verba de gabinete, auxílio moradia, passagens aéreas etc, porém sem incluir o plano de saúde ilimitado para ele e todos os seus dependentes - que não devem ser poucos, claro - celulares com conta ilimitada, assinatura de jornais e revistas e acesso à internet, entre outras mamatas).
Como se não bastasse, a Festa dos Marajás vai acarretar um efeito cascata que custará outros tantos milhões aos estados e municípios, uma vez que os salários dos Deputados Estaduais e dos Vereadores são atrelados aos dos Deputados Federais.
Ou seja, pimenta nos olhos dos outros é refresco.
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